Dor de Crescimento

Dor de Crescimento

A dor de crescimento é uma queixa comum na pediatria, especialmente em crianças entre 4 e 12 anos de idade, e é caracterizada por dor nas pernas. A dor de crescimento não está associada a outras doenças e não traz maiores prejuízos para a criança. Apesar do nome, não se refere ao processo de crescimento em si, mas ao conceito amplo que o crescimento representa na vida da criança, englobando fatores emocionais, físicos e sociais.

Valorizando a queixa do seu filho

Dor de crescimento é a principal causa de dor nas pernas em crianças, entretanto, existem outras condições que podem ocasionar a dor nos membros inferiores, tais como hipermobilidade articular, doenças da tireoide e leucemia. Desse modo, os pais devem valorizar essa queixa, levando-a ao pediatra da criança ou ao reumatologista infantil para que a investigação necessária seja realizada, com o objetivo de excluir outras doenças antes de confirmar o diagnóstico de dor de crescimento.

As crianças com dor de crescimento apresentam algumas características típicas, tais como: duração breve da dor, de minutos a poucas horas; preferência pelo final do dia; piora com atividade física; localização preferencial na batata da perna e região anterior da perna; bilateralidade; ausência de inchaço nas articulações; ausência de outros sintomas associados, exceto dor de cabeça e dor abdominal, que podem estar presentes em alguns pacientes; alívio com massagens, compressas ou analgésicos comuns.

Vida familiar

É importante salientar que a dor de crescimento muitas vezes se inicia com alguma mudança do hábito de vida da família ou o surgimento de um estresse agudo que impacta o lado psicológico da criança, como o nascimento do irmão ou a perda de emprego do pai.

A conduta nos casos da dor de crescimento deve ser individualizada, respeitando a idade e as características da criança. Porém a introdução de atividade física de baixo impacto, a higiene do sono, massagem, compressa, analgésicos (apenas quando a dor for intensa) e muitas vezes um suporte psicológico são aspectos importantes nessa abordagem.

Algumas características, no entanto, devem servir de alerta para outras doenças. São as seguintes: dor que desperta a criança a noite e interfere com as atividades de vida diárias; modificação do padrão de dor (anteriormente a dor era de leve intensidade e agora é intensa e mais frequente); inchaço nas articulações; sintomas associados, como perda de peso ou febre; dificuldade para caminhar; dor localizada em um único ponto; e fraqueza muscular.

Exames

Podem fazer parte da investigação diagnóstica, de acordo com o quadro clínico e com o exame físico do paciente, exames como hemograma, PCR, VHS, TSH e T4 livre, DHL, CPK, RX da área afetada, entre outros. A criança com dor de crescimento não apresenta alteração ao exame físico e os exames laboratoriais são normais.

A dor de crescimento é portanto uma condição benigna, que melhora com o crescimento da criança. No entanto, avaliação cuidadosa se faz primordial para que não haja atraso no diagnóstico de outras doenças, que também cursam com dor em membros.

Autora: Dra. Gleice Clemente Souza Russo, médica pediatra e reumatologista infantil

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