Hipermobilidade articular é definida quando as articulações apresentam uma mobilidade maior do que o normal. É uma condição frequente na infância, especialmente nas crianças pequenas, as quais apresentam articulações mais “molinhas” do que as crianças maiores e os adultos. A hipermobilidade é mais comum no sexo feminino e é frequente em crianças em que os pais também são hipermóveis. Durante o crescimento, as articulações vão ficando menos móveis, entretanto algumas pessoas permanecem com a hipermobilidade na vida adulta.
Como definir hipermobilidade?
Para dar diagnóstico de hipermobilidade para uma criança, ela deve possuir pelo menos 5 de 9 pontos predefinidos de hipermobilidade (dobrar os polegares até tocar o antebraço (2 pontos), estender os dedos mínimos até uma posição de paralelismo com o dorso do antebraço (2 pontos), hiperestender os cotovelos (2 pontos), hiperestender os joelhos (2 pontos) e alcançar a palma da mão no chão sem dobrar os joelhos (1 ponto). Outras características das crianças hipermóveis são: pés desabados (pés chatos), joelhos curvados para trás ou curvados para dentro. São crianças que gostam de mostrar o que conseguem fazer com os membros.
Dor em crianças com hipermobilidade
A hipermobilidadade articular geralmente não causa dor e nenhum outro sintoma. Entretanto, a hipermobilidade em algumas crianças pode levar a dor articular, lesão de ligamentos, disfunção de marcha, luxação das articulações, como consequência da grande amplitude de movimento e de pequenas lesões nas estruturas das articulações e em torno delas. A presença dor e de outras manifestações associadas à hipermobilidade chamamos de Síndrome da Hipermobilidade Articular. Nesses casos, uma investigação ampla deve ser realizada para excluir outras causas de dor em membros.
Outros diagnósticos
Além da hipermobilidade benigna (quando não há doença ocasionando a hipermobilidade), algumas doenças cursam com hipermobilidade articular e necessitam ser investigadas de acordo com o cenário clínico, como por exemplo: síndrome de Ehlers Danlos, síndrome de Marfan e ostogênese imperfecta.
O tratamento da síndrome de hipermobilidade articular se baseia em duas abordagens: 1. preservar as articulações, por meio de fortalecimento muscular, uso de palmilhas com apoio de arcos dos pés, realização de exercícios de baixo impacto, entre outras orientações. 2. Aliviar a dor, com uso de analgésicos e anti-inflamatórios.
É importantíssimo termos um educador físico e um fisioterapeuta atuando em conjunto para o bom desenvolvimento de uma criança hipermóvel. Em alguns casos, é fundamental também o acompanhamento multidisciplinar com psicólogo e outros profissionais da saúde, especialmente quando há comprometimento na saúde física e sócio-emocional dessas crianças.