Lúpus é o protótipo da doença auto-imune (doença em que o sistema de defesa do indivíduo ataca os seus próprios tecidos), podendo afetas diversos órgãos. A manifestação mais característica do lúpus é a vermelhidão sobre nariz e bochechas, conhecida como rash em asa de borboleta, porém qualquer órgão do paciente pode estar comprometido.
O lúpus pode afetar pacientes de todas as faixas etárias e é mais comum no sexo feminino, especialmente após a puberdade, devido ao estímulo do hormônio feminino. A sua causa não está completamente esclarecida, porém sabe-se que o paciente precisa ter uma predisposição genética para o desenvolvimento da doença. Exposição à luz ultravioleta, estrogênio (hormônio feminino), infecções e estresse são os principais fatores relacionados ao desencadeamento da doença em pacientes geneticamente predispostos.
Lúpus é uma doença crônica, com períodos de maior atividade de doença alternando com períodos de sintomas leves ou ausentes. O seu aparecimento muitas vezes se dá de forma lenta e gradual, fazendo com que o diagnóstico em alguns casos seja realizado após meses de evolução. Os sintomas mais comuns da doença são: lesões vermelhas e dolorosas em face e em outras regiões expostas ao sol, febre, fadiga, artrite (inflamação articular, dor de cabeça, alteração de humor, redução do rendimento escolar, falta de ar, e sangue na urina. O espectro clínico é muito variável entre os pacientes, que podem apresentar um quadro mais leve, manifestado por rash em asa de borboleta associado à artrite; alterações em exames de laboratório, como redução nas células do sangue (citopenias) e alteração na urina; e comprometimento de múltiplos órgãos com risco de vida. O envolvimento renal é muito frequente na pediatria (até 80% dos pacientes), caracterizado por sangue e proteína na urina, hipertensão e inchaço em todo o corpo.
O diagnóstico de lúpus é realizado através da presença de sintomas característicos da doença e de alteração nos exames laboratoriais, incluindo a presença do anticorpo FAN (fator anti-núcleo). O tratamento deve ser iniciado assim que o diagnóstico é feito para evitar as complicações da doença e tem como objetivo principal aliviar os sintomas e reduzir a atividade de doença. A medicação a ser utilizada dependerá dos sintomas apresentados pelo paciente e de sua gravidade. Assim, pode ser necessário o uso de corticosteroides, drogas imunossupressoras, como azatioprina, ciclosporina, micofenolato ou ciclofosfamida, entre outros. Protetor solar, cloroquina e vitamina D são indicados em todos os pacientes, a menos que haja contra-indicação para o seu uso.
Lúpus é uma doença grave na qual os pacientes podem desenvolver dano irreparável a órgãos, especialmente ao rim, porém quando o tratamento correto é realizado precocemente e sem falhas, a maioria dos pacientes vive com boa qualidade de vida, tanto na infância quanto na vida adulta.
Autora: Dra. Gleice Clemente Souza Russo, médica pediatra e reumatologista infantil
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